quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Resenha IV

Referencia bibliográfica: BURLE, Thomas Joseph. Do jeitinho brasileiro ao golpe. Piracicaba: Editora Livroceres, 1981.
Capitulo II (pág. 80 a 92)
Até onde certos valores do tipo dos que foi apresentados como componentes do 'ethos do golpe', (mecanismo inconscientes de auto-defesa ou mascaramento), não se constituem numa espécie de “disposição-necessidade” mais universal, uma espécie de traço básico da “natureza humana”, e que teria que ir se manifestando, cada vez mais, no processo competitivo e conflitante de toda vida social? Não é esse “traço”, em última análise, o responsável pelo fato de ter sido impossível até agora a estruturação de uma sociedade moderna genuinamente socialista ou comunista, em qualquer parte do mundo.
Teriam razão os bio-sociólogos, ao afirmarem que a raiz de toda evolução biológica e de todo comportamento psicológico e social estariam numa programação amoralmente egoísta dos genes, cuja única norma seria a da sobrevivência dos mais aptos. Realmente não sabemos, mas questões como estas nos fazem acreditar, cada vez mais, que o problema do futuro do ser humano e de sua felicidade se situa muito para além de simples questões do tipo capitalismo versus socialismo.
Somos tentados a fazer uso das palavras de Comparato (1978): “E descobri a evidência, ou seja, que nós somos, todos o produto de um longo trabalho de gerações. E que nós não podemos mudar a sociedade brasileira por decreto nem por via de uma Assembléia Constituinte. Percebe-se que o grande fator que impulsiona os povos é o fator cultural – no sentido de concepção de vida, de comportamento humano, de mentalidade. Precisamos convencer-mos de que a solução brasileira não é para amanhã. Precisamos ser suficientemente humildes para reconhecer que é um trabalho de gerações. É preciso mudar a mentalidade e as mentalidades não são mudadas da noite para o dia”.
A tônica deste livro pode ter parecido como demasiadamente pessimista, ou até mesmo derrotista, o intuito é outro: ajudar a desmistificar ou desmascarar uma realidade, como condição primeira para podermos começar a pensar, séria e objetivamente, sobre quais mudanças poderíamos realisticamente desejar e como criar as condições para o seu advento. A única outra alternativa que nos resta seria a de esquecermos tudo isso e “deixar o barco correr, para ver no que dá”...
O Brasil será feito por nós, não tenhamos dúvida! - Embora não necessariamente para nós...


Todos somos responsáveis pelo governo
Jornal OGlobo 29/04/2008
Por Antônio Agenor Barbosa e Gisela Verri de Santana

"Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro..." - "Tecendo a manhã", de João Cabral de Melo Neto
Em ano de eleição, levanta-se a questão da ética e das diametrais diferenças entre o discurso e a prática dos políticos e dos principais candidatos aos cargos majoritários. Nas últimas eleições, por conta das publicações a respeito do patrimônio de cada um dos candidatos ao cargo de prefeito e governador, várias dúvidas foram lançadas sobre esta questão. Alguns chegaram a afirmar, cinicamente, que não possuíam sequer um automóvel em seu nome, mesmo que a opinião pública e a imprensa já tivessem conhecimento de fazendas, imóveis e, em muitos casos, até contas em bancos do exterior e em paraísos fiscais.
Nos últimos meses ficamos estarrecidos e indignados com a quantidade de políticos de alto escalão que estavam envolvidos em esquemas grandiosos de corrupção e de desvio do dinheiro público. Basta lembrar a operação "Telhado de vidro" da Polícia Federal, ocorrida no rico e também mal administrado município de Campos dos Goytacazes, no Norte do estado do Rio de Janeiro, e a operação "Pasárgada", que prendeu, de uma só vez, 17 prefeitos de importantes cidades de Minas Gerais e da Bahia.
Portanto, diante de tantas notícias, questionamentos e dúvidas sobre a conduta do político "A" ou "B", sobressaem a importância da transparência e da necessidade de se acompanhar os processos políticos e administrativos no que se referem aos interesses públicos. Sabe-se também que é fundamental a contribuição dos meios de comunicação na ampliação da transparência destes processos. Sem a imprensa livre, imparcial e atuante, a sociedade não avança e não evolui.
Estamos acostumados a pensar nos defeitos, nos desvios, e nas falcatruas, mas será que passamos para a etapa seguinte? O leitor poderá estar se perguntando, mas qual é mesmo a etapa seguinte? É propor e executar soluções! É agir de forma positiva, é potencializar as virtudes e as forças de cada homem público de bem neste país! E eles existem sim! É contribuir com o que achamos que é pouco, mas que somado a tantos outros poucos pode se tornar muito. É olhar para os que caminham conosco com o olhar de parceiros e não de inimigos.
É por isso que, em questões de interesse público, é fundamental a participação de cada um de nós para que a mudança ocorra, posto que cada indivíduo - além dos governos - é também co-responsável por tudo o que nos cerca. A responsabilidade de termos governos ingovernáveis e corruptos é nossa, que muitas vezes negamos o nosso direito ao voto, que não acompanhamos as ações públicas, que não nos lembramos em quem votamos, que consentimos certos absurdos sem nos manifestarmos de forma contundente. Que, muitas vezes, não conhecemos os nossos direitos e deveres enquanto cidadãos.
Leia mais: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2008/04/29/todos_somos_responsaveis_pelo_governo-427117293.asp

Reflexão:
Infelizmente, a desonestidade e a falta de ética é um problema endêmico na cultura atual, por isso, é importante a reflexão sobre tais virtudes, a fim ser combatida a imoralidade e a desonestidade em todas as relações humanas em todos os poderes da República.
Entretanto, a desonestidade, a imoralidade e a corrupção estão assombram nossa pátria amada, trazendo grandes preocupações e insegurança frente a transparência do projeto de sobrevivência política que se renova a cada mandato e perpetua a cultura do favorecimento e da vantagem, da confraria dos homens notáveis, do mau uso dos recurso públicos, da perpetuação da malandragem
A história recente de nosso país tem nesse ponto um dos maiores desafios a enfrentar, os cidadãos, as instituições, as entidades de classe e os poderes responsáveis devem reagir ativamente contra a corrupção, e os responsáveis serem punidos observando os seus direitos constitucionais. Caso contrário, o país avançará rapidamente para a desagregação.
José Batista da Silva
Carlos Henrique da Silva

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Resenha - III

Referencia bibliográfica: BURLE, Thomas Joseph. Do jeitinho brasileiro ao golpe. Piracicaba: Editora Livroceres, 1981.
Capitulo II (pág. 67 a 80)
Quanto mais elevado o nível de vida a ser conseguido, tanto maior a necessidade de organização, colocando o assunto de forma positiva, a incapacidade de manter uma organização é também uma barreira ao progresso político. Um autogoverno bem sucedido depende, dentre outras coisas, da possibilidade de se concentrar o comportamento de um grande número de pessoas em assuntos e interesses públicos. Os mesmo fatores que atrapalham a associação efetiva para fins econômicos, atrapalham também a associação para fins políticos. O nosso 'ethos do golpe', (mecanismos inconscientes de autodefesa ou mascaramento) como vimos, é inegavelmente, um fator que atrapalha demais a concentração de um grande número de pessoas em assuntos de real interesse público, tornando, assim, muito difícil o nosso desenvolvimento.
Com freqüência, pressupõe-se que basta que existam recursos naturais abundantes, como ocorre no Brasil, para que o progresso e o desenvolvimento econômico se tornem realidade, surge inevitáveis comentários como 'O Brasil cresce durante a noite, enquanto os brasileiros dormem...' Porem o pressuposto é errado porque negligencia a importância crucial da cultura, sendo fácil notar que a cultura pode ser o fator limitante que determina a quantidade e a natureza da organização e, portanto, do progresso nas partes menos desenvolvidas do mundo.
Como uma possível questão a ser levantada, mas que preferiríamos deixar em aberto para eventuais futuras discussões, está a suspeita de que alguns dos traços mais marcantes do 'ethos do golpe' talvez não sejam assim tão específicos do brasileiro, do latino americano ou mesmo dos povos mediterrâneos. Há indícios que sugerem que alguns desses traços estariam também se generalizando, cada vez mais, em outras parte do mundo. Parece que algumas atitudes e certos valores e comportamentos complexo do sistema estariam, pouco a pouco, manifestando-se nos hábitos e costumes de vários outros povos, raças e nações. Neste sentido talvez estejamos nos aproximando da aldeia global, que ignora, minimiza sua importância ou mesmo se esconder à verdade absoluta.

Transparência Internacional:
Brasil mantém nota, mas piora em ranking de corrupção.
Reuters; Agência Brasil; O Globo

RIO e SÃO PAULO - O Índice de Percepção da Corrupção no Brasil se manteve estável em 2008 na comparação com o ano anterior, mas o país caiu oito posições no ranking dos países que tem menor percepção da corrupção no setor público, ficando agora com a 80ª posição, divulgou a organização não-governamental Transparência Internacional nesta terça-feira.
Mesmo com a manutenção do índice em 3,5, o Brasil aparece atrás de países como Butão, Botsuana, Gana e Seicheles na lista da ONG.
Na América do Sul, o Brasil ficou à frente de Argentina, Bolívia, Paraguai, Equador e Venezuela. O país também está empatado no ranking com Burkina Faso, Marrocos, Arábia Saudita e Tailândia.
De acordo com o relatório, a nota de um país é mais relevante que sua colocação no ranking como nível de corrupção percebida, pois a classificação de um país pode mudar simplesmente pela entrada de novos países ou saída de outros no índice.
A Transparência Internacional detectou uma "ligação fatal entre pobreza, instituições falidas e corrupção" no mundo como um todo.
"Nos países pobres, os níveis de corrupção podem ser a linha divisória entre a vida e a morte, quando dinheiro para hospitais ou água potável está em questão", disse Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional, em comunicado.
"Porém, até mesmo nos países mais privilegiados, onde as sanções são aplicadas de forma perturbadoramente desiguais, o combate à corrupção precisa ser enrijecido", acrescentou.
Pelo segundo ano seguido, Dinamarca e Nova Zelândia lideraram o ranking de países com menor percepção de corrupção, dessa vez empatados com a Suécia. No ano passado, a Finlândia também dividia a liderança. Haiti, Mianmar, Iraque e Somália ocupam as últimas posições.
O Índice de Percepção da Corrupção é calculado pela Transparência Internacional com base em diferentes pesquisas do setor privado e junto a consultores. O ranking conta com 180 países e considera o índice 10 como ausência de percepção de corrupção e o índice 0 como percepção total de corrupção. Leia mais: Combate à corrupção 'estanca' no Brasil, diz Transparência Internacional

Reflexão:
A corrupção, de forma negativa, já faz parte de nossa identidade se tornou um nódulo maligno, acabamos tendo afinidades com atos corruptos a ponto de em algum momento corrompemos ou somos corrompidos, intensamente ou não, sob a mascara do famoso jeitinho brasileiro. Para superar esse carma, teremos que incutir em nossos jovens uma nova consciência para que no futuro seja extirpado este mal, pois em curto prazo as soluções se mostram paliativas.
O nosso país a economia publica se encontra superfaturada e atuando de forma ineficiente, enquanto que a privada sub-faturada e eficiente quando solicitada para suprir a falta do estado. Estamos avançando em vários setores, com reflexos positivos em toda nossa sociedade destacando a economia por exemplo, mas atual democracia é permissiva com maus políticos e gestores públicos que se envolvem em atos ilícitos e se camuflam sob o manto da impunidade com o aval de uma legislação auto protetora.
Uma boa maneira seria tornar as ações públicas cada vez mais transparentes com o contínuo monitoramento da sociedade, chamando o cidadão para a efetiva participação nas questões públicas, como representante da nação brasileira e não do jeitinho brasileiro.
José Batista da Silva
Carlos Henrique da Silva