terça-feira, 30 de setembro de 2008

Resenha-II

Referencia bibliográfica: BURLE, Thomas Joseph. Do jeitinho brasileiro ao golpe. Piracicaba: Editora Livroceres, 1981.
Capitulo II (pág. 51 a 67)
Dentre as grandes forças condicionantes do nosso desenvolvimento, uma em especial parece não ter sido suficientemente estudada, ou talvez sequer admitida; isso porque, quem sabe, para muitos reconhece-la seria um tanto doloroso. Essa força, tremendamente poderosa, é constituída pelas nossas atitudes e pelos nossos comportamentos em relação às outras pessoas, em relação aos fatores de produção e aos seus produtos, e em relação a nós mesmos; atitudes e comportamentos esses informados por valores e normas culturais que organizam num sistema complexo que denominamos de ‘ethos do golpe’, com dois principais sub-sistemas: a síndrome de patronagem e a grandiosa tradição.
E esse ‘ethos’ (que, talvez devido a mecanismos inconscientes de autodefesa ou mascaramento, temos insistido em ignorar, minimizar sua importância, ou em esconder) que, num duplo mecanismo cibernético de gênese e estrutura não, vai plasmando nosso modo de ser, de pensar e de agir, e vai se cristalizando em nossas estruturas sociais, econômicas e políticas. Continuar a ignora-lo, o que seria pior, a não admiti-lo, seria, simplesmente, condenarmo-nos a viver num estado de permanente perplexidade e alienação, sem a mínima condição de compreendermos aquilo que se passa conosco e ao nosso redor e de contribuirmos para que o país se conduza por caminhos que o levem a uma vida melhor e mais justa para todos, pelos caminhos de um autêntico desenvolvimento.
O grande obstáculo do desenvolvimento brasileiro não está nas multinacionais, na penetração do capitalismo apátrida, na dependência econômica e comercial, na invasão cultural, ou em qualquer outro desses monstros reais imaginários que tanto nos assustam. O nosso maior inimigo é tanto mais perigoso pelo fato de ser o mais difícil de identificar, está dentro de nossas próprias fronteiras e dentro de cada um de nós. É ele, inclusive, o que abre as portas aos invasores, já que é ‘ethos do golpe’ que os inimigos de fora encontram a via mais fácil de aqui penetrar. É ele também que nos impede de nos tornarmos verdadeiramente competitivos, fazendo-nos, por isso mesmo, dependentes do exterior.

PF prende diretor acusado de participar de esquema de tráfico de influência em dois Estados e no DF (UOL Notícias, 16/09/08).
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira o diretor-executivo da corporação, Romero Menezes, e mais duas pessoas acusadas de advocacia administrativa, corrupção passiva e tráfico de influência durante ação realizada no Amapá, Pará e Distrito Federal. A ação é um desdobramento da operação Toque de Midas, realizada em julho desse ano. Na época, investigava-se fraudes em licitações de concessões de estradas de ferro no Amapá.
A PF suspeita que um funcionário da EBX, holding controlada pelo empresário Eike Batista, e um empregado de uma prestadora de serviços agissem em busca de facilidades para suas empresas junto a Menezes. Entre as benesses procuradas, estavam fraudes em inscrição para curso de supervisor de segurança portuária e credenciamento para instrutor de tiro sem análise prévia dos requisitos legais.
O número dois na hierarquia da PF pediu afastamento do cargo. Será instaurado procedimento disciplinar para apurar o caso.
A operação foi feita em parceria com a Procuradoria da República no Amapá.
Relembre o caso:
Deflagrada em 11 de julho pela PF, a operação Toque de Midas investigava uma suposta fraude na licitação de concessão da Estrada de Ferro do Amapá para a MMX, mineradora do grupo de Eike Batista. A ferrovia escoa minério da Serra do Navio para o Porto de Santana.

Reflexão:
Temos um exemplo clássico de que no Brasil assim como nos países em que a legislação é feita por corruptos, o que importa não é a razão, verdade, honestidade. O que importa não é o crime em si, mas o fato de se ter que acatar normas e leis editadas para dificultar investigações e punições e assim manter o status que mantém o país lá no topo entre os países mais corruptos do mundo.
O anacronismo é que a mentalidade desses seres é rasa, tão quanto é a sua visão de coletividade e de patriotismo. O corrupto não enxerga além do seu próprio umbigo e faz leis pensando não no que é melhor para a nação, mas sim no que é melhor para si mesmo, ou seja: blindagem, foro privilegiado, imunidade, proibição de escutas por autoridades policiais. É com isso que o congresso se ocupa.
José Batista da Silva
Carlos Henrique da Silva

Nenhum comentário: